Monday, April 04, 2005

A Bancada Central

O nosso artista acabou de pisar a ultima tecla das escadas quando Vivaldi, apelando ao ciclo de estações do ano, rompeu o borburinho agrafado. Quase em uníssono, o grupo de senhoras de lábios ferrari, apressara-se a esfaltar uma estrada, cheia de buracos, de acordes vocais. A maior parte delas tinha aprendido a música num anúncio da Fábrica Nacional de Ar Condicionado alguns anos antes. Os homens continuavam armados de olhares no coldre, tentando fulminar qualquer tentativa de penetração na sua mente e nas suas sensações face às cinco cartas em mão. E foi então que a formiga Nico -cognominada de "A Chelsea girl"- chamou a atenção de Joe para o facto de haver uma dama de espadas por baixo de um assento de um dos pistoleiros. Joe finalizou de um só trago o seu Havana Club e apressou-se a apanhar a carta e devove-la ao dono de tal senhorita negra.

- Ladrão! gatuno! - afinaram o coro de protestos da mesa.

Foi preciso uma facada, no vígaro menos apto, duas balas em dois pistoleiros batidos em duelo e muita confusão até que a formiga Andy conseguisse explicar a Joe que entre mulheres, pior que viúvas de luto só mesmo as quarentonas virgens...ai Nico..ai Nico. Foi então que Joe aprisionou Nico com quatro libertinos dentro de um copo de rum, equipando devidamente cada um deles com os utensílios próprios para cento e vinte dias. Escandalizado com as cenas grotescas, Joe decidiu ir até à beira mar, deixando Nico solitária ao seu destino, devidamente reportado pelas bancadas de formigas saltitantes que se aglomeraram em volta do vidro. - Ai coitada!, -era boa moça!, -passa a gente uma vida inteira para ver isto acontever aos melhores, - conhecia-a desde moça nova...

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